Mercado ajusta previsões para inflação e dólar, enquanto mantém expectativa para Selic e PIB

Analistas consultados pelo Banco Central (BC) revisaram ligeiramente para cima as projeções de inflação para 2025 e 2026, refletindo pressões sobre os preços e expectativas de desvalorização do real. Segundo a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (13), o mercado agora prevê que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará 2025 com alta de 5,00%, frente aos 4,99% projetados na semana anterior. Para 2026, a projeção subiu de 4,03% para 4,05%.

Inflação acima da meta em 2024
O IPCA encerrou 2024 com alta acumulada de 4,83%, acima do teto da meta estipulada pelo BC, que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, destacou em carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que a autarquia está implementando medidas para reconduzir a inflação ao centro da meta, mas alertou que a desvalorização do real deve continuar pressionando os preços.

Cotação do dólar e impacto fiscal
O mercado revisou para cima a previsão da cotação do dólar, projetando a moeda americana em R$ 6,00 para 2025 e 2026. O aumento reflete preocupações com o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, especialmente após o anúncio de uma reforma do Imposto de Renda em novembro de 2024.

A desvalorização do real também é influenciada pelas expectativas de que políticas econômicas do governo de Donald Trump nos Estados Unidos manterão os juros elevados, favorecendo a valorização do dólar.

Selic e PIB: estabilidade nas projeções
A pesquisa Focus manteve as projeções para a taxa Selic em 15,00% ao final de 2025 e 12,00% ao final de 2026, sinalizando a cautela do mercado diante do cenário fiscal e inflacionário.

Quanto ao Produto Interno Bruto (PIB), a previsão de crescimento da economia brasileira permanece em 2,02% para 2025 e 1,80% para 2026, sem alterações em relação à semana anterior.

Desafios para a credibilidade fiscal
Apesar da aprovação de medidas fiscais no Congresso, o mercado segue atento à necessidade de novas ações do governo para garantir a sustentabilidade da dívida pública e reconquistar a confiança dos investidores. O adiamento do debate sobre a reforma do Imposto de Renda trouxe alívio temporário, mas ainda há dúvidas sobre o compromisso com o equilíbrio fiscal.

As próximas semanas serão cruciais para avaliar a resposta do governo e do mercado aos desafios econômicos que se apresentam no Brasil e no cenário global.

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